20/08/2019

Friendship isn't always magic




Levou um tempo até eu conseguir falar disso, pensar sobre e escrever também. Acho que até recentemente eu não tinha realmente superado. Agora que tenho um grupo novo de pessoas próximas, eu posso refletir e contar sobre o que rolou exatamente.

Quem me acompanha há algum tempo sabe que antes de entrar na faculdade eu tinha dois melhores amigos, com o mesmo nome e que a gente não vivia um sem o outro. O Igor e o Higor. Eles aparecem em VÁRIAS postagens no Tomorrow, meu antigo blog. Cês podem entrar lá e ver se quiserem. Esses dois eram meus melhores amigos desde a quinta série. O Igor até por mais tempo, já que a gente se conhecia desde que meus pais se mudaram aqui pro Brasil quando eu tinha 9 anos. Então passei uma parte considerável da minha vida na companhia dos dois.





O que não quer dizer que era um relacionamento saudável.

Como eu vivi por um bom tempo em uma cidade pequena, sou uma pessoa LGBT e meus gostos não eram comuns pra maioria da população da tal cidade, eu me apeguei aos primeiros que demonstravam ser tão estranhos quanto eu.

E, é claro, isso iria mudar assim que eu abrisse meu círculo de amizades.


Isso aconteceu quando eu me mudei para BH com 17 anos de idade depois de ter passado na UFMG.

A minha eu de 17/18 anos achava que os dois melhores amigos iam continuar os mesmos, e que eu mesma não ia mudar mais. Talvez em parte eu achava isso por estar satisfeita em como as coisas eram no meu círculo de amizades. Eu tinha amigos descolados, fora do padrão, tão LGBT's como eu e que eu achava que "me aceitavam como eu REALMENTE era" e que eu também amava incondicionalmente.

Mas gente, vamos lá...

Eu era uma pessoa extremamente machista. Eu achava que a coisa mais legal que uma mulher poderia ter é um grupo de amigos homens. Por isso, eu me achava super descolada. Nem sequer achava que o amigo forçar beijo em festinha era uma coisa ruim. Que o amigo não ligar e não demonstrar amor por você era uma coisa descolada. Que ser frio era legal. Que falar sempre rindo e debochando dos seus próprios problemas era MUITO maneiro e que desprezar os outros me fazia superior.

Era terrível.

E evoluir como pessoa é questionar tudo isso que eu falei.

Quando saí do ensino médio e entrei pra UFMG, eu conheci o Caio. Conheci também a Noelle. Os dois são amigos faz DÉCADAS. E era um tipo de amizade muito mais profunda do que eu já tive com os dois Igores. Sabe por que? Por que os dois respeitavam, apoiavam e FALAVAM sobre as coisas que aconteciam com eles. Falavam seriamente sobre isso.

E quando eu percebi que era assim que as coisas deviam ser, por que só assim eu ia parar de me sentir errada naquele tipo de amizade, eu tentei fazer mudanças, sabe?

Mas nessa época, ninguém mais queria se mexer pra mudar o que a gente já tinha. Ninguém se importava mais em manter um relacionamento saudável de amizade. De ver e conversar um com outro e nem de ouvir o que o outro tinha a dizer.

Aí rolaram alguns gatilhos. Um deles foi quando sofri assédio na rua lateral de onde eu morava nos dois primeiros anos da faculdade. Eu já tinha falado com o Caio, conversado, chorado com ele... Mas mano. Cadê os meus amigos? Fui tentar falar com um deles e a resposta foi "Nossa, que pesado...." E aí ele mudou totalmente de conversa pra falar sobre ele mesmo...

Depois dessa, mano. Já era. Eu não quero que usem o termo melhor amigo pra uma pessoa que nem sequer se preocupou comigo com uma coisa tão séria... Eu fui atacada na frente da minha casa, tive que usar da força pra conseguir fugir...

Além disso, tiveram mais alguns eventos no mínimo irritantes que só comprovava a falta de consideração que eles tinham comigo... Por exemplo, quando uma colega minha que me conhecia a menos de um ano e o Caio ( que também fazia pouco mais de um ano que me conhecia ) resolveram montar uma festa de aniversário surpresa pra mim e o Igor e o Higor nem sequer se dignaram a ajudar ativamente. Ou como em outro aniversário meu, um deles simplesmente resolveu que não ia aparecer mesmo eu avisando com semanas e semanas de antecedência. Ou ainda como eu e o Igor estávamos cada vez nos falando menos mesmo morando na mesma casa... E como ele estava deslocado na tal festa de aniversário surpresa.

Aí, quando eu me afastei de um deles, acabei me afastando mais facilmente do outro.

"Facilmente" né...



Como vocês podem ver eu só consegui me recuperar de tudo faz pouco tempo. Além disso, ainda moro com um deles... É meio esquisito quando por exemplo minha mãe pergunta pelos dois e eu digo "ah a gente não é mais amigo...". Fora que na época que eu disse basta pra nossa amizade... Eu ainda era muito apegada emocionalmente a eles pelo motivo de não ter outros amigos que morassem perto de mim. Chorei um monte quando percebi que realmente tinha acabado com o resto de amor que eu tinha por eles... Mesmo frequentando a casa da Noelle regularmente e ela sendo um amor comigo... Ainda sentia que não era minha amiga... Mas uma amiga do Caio que estava me acolhendo... Só que em todos os términos de relações que eu sofri, eu sempre pensei que algum dia toda a dor ia passar. Seja um ano, dois... até três... A única coisa que resta a fazer nessas situações é esperar. E vei, eu esperei...

E aí, como mágica, meu amigo de DÉCADAS atrás voltou a falar comigo.

E com ele vieram o Lippy, a Waka e mais algumas pessoas que aparecem por aí e vão embora depois e aí voltam... hehehe Mas o grupo de otakus ficou. Eu, Paulo, Lippy e Waka.

Pela primeira vez depois de tudo isso, tô me sentindo bem com relação a amizade, sabe?

Fica aí a lição que as coisas uma hora vão melhorar. Nunca deixe de interagir com as pessoas quando algumas delas te machucarem. Você perde a chance de encontrar umas que são muito amorzinho <3 Se você não tentar falar com gente diferente e procurar sempre melhorar seu círculo de relações... Nem você, nem sua situação vai mudar.

Enfim, eu levei um tempo não só pra escrever tudo isso, mas também pra refletir se era realmente tudo o que eu queria postar...E bem... Tá aí. Eu sou grata por todas as partes boas que tivemos na nossa amizade... Sou mesmo. A vez que o Higor me ajudou quando fui expulsa de casa foi um momento muito difícil que um deles me ajudou muito.... Mas a gente não pode montar um relacionamento com base em um momento em que fomos ajudados...As coisas entre nós três estavam me fazendo muito mal e aí resolvi deixar tudo no passado. Espero do fundo do meu coração que os dois estejam bem.

Até mais, leitores lindos que ainda acompanham isso daqui! Vejo vocês na próxima postagem <3




Um comentário:

  1. Oi ViQ <3
    Sei como é isso. Sei e inclusive acabei cortando várias amizades nos últimos dois anos, em especial depois da morte do meu pai. Uma amiga que um ano antes perdera a avó tinha me dito: se a pessoa mais importante pra mim se foi e eu sobrevivi, por que me importar quando os outros vão embora?
    Na época disse pra ela que as coisas não eram bem assim e que temos que diferenciar algumas coisas. Daí meu pai morreu no ano seguinte e eu entendi a frase - às vezes as relações acabam e a gente segue em frente porque mantê-las não faz mais sentido. Não duvido que seus amigos tenham sido ótimos amigos por muito tempo, mas que atualmente não cabem mais na sua vida como antes. Todos nós mudamos e sempre podemos dividir um pouco do caminho com alguém, mas não podemos parar ou voltar pra trás por outra pessoa, sabe? Pelo menos é assim que eu entendo. É triste porque a gente ama as pessoas e sente falta do que tínhamos no passado, mas eu sempre me pego pensando no "mas qual seria o sentido agora?" e acabo ficando mais em paz. Enfim, brisei junto aqui.
    Espero que você encontre mais e mais pessoas significativas pelo seu caminho e siga crescendo cada vez mais <3 Beijo!

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